sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Imagem e imaginário: Construindo um novo olhar para a Cidade Tiradentes.
APRESENTAÇÃO.
             Ensinar os educandos o sentido da pesquisa para praticidade da vida será o foco principal do Projeto Imagem e imaginário:Construindo um novo olhar para Cidade Tiradentes.
   Quando contextualizamos a ação pedagógica abre-se a possibilidade de trabalharmos com uma comunidade de investigação.
  Reescrever a História do bairro é uma tarefa que restabelece a autoestima dos educandos, alguém sempre é sabedor de algum dado novo. O educador aprende e ensina e os educandos ensinam e aprendem na comunidade de investigação.
  Caminhar pelas ruas do bairro parece ser uma atividade comum, mas quando existe um olhar investigativo, as ruas são documentos que comunicam a ação dos sujeitos históricos que escreveram suas histórias de ocupação e transformação geográfica.
  A Cidade Tiradentes é descrita e imaginada por diversos olhares. Ainda é comum o olhar da década de 80 e 90 que marcou a luta dos moradores por implementação de uma política que atendesse as necessidades de infraestrutura para toda comunidade e o alto índice de violência apontado pela mídia.
  A principal tese do projeto está voltada para um novo olhar que possibilite, uma nova escrita da História produzida pelos moradores do bairro que nos últimos 32 anos de ocupação geográfica mudaram a paisagem da Cidade Tiradentes.
  A escola será o laboratório que possibilitará um elo entre o presente e o passado. Através dos educandos faremos contato com a comunidade externa e estabeleceremos o debate e a sondagem das fontes.
  O projeto terá início no ano de 2014, com previsão de término em 2016. É possível afirmar que as fontes nos levarão para caminhos que prolongarão por mais tempo a pesquisa.


  Apresentaremos o resultado de algumas oficinas e pesquisa de campo no final do ano (2014).

OBJETIVOS.
Criar uma comunidade de investigação integrando todas as áreas do conhecimento que possibilite um novo olhar para o bairro da Cidade Tiradentes, divulgação dos resultados do trabalho na mídia (Web) e para comunidade local (através de palestras ministradas pelos pesquisadores e estudantes).

  OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Desconstruir a imagem do imaginário criado nas décadas (80-90) em relação ao bairro da Cidade Tiradentes.


Ser jovem e morador na Cidade Tiradentes.
  Um trabalho de intervenção social que tenha pretensão de desconstruir  uma imagem fixada no imaginário social e veículos midiáticos; não poderia começar de forma diferente. O olhar dos jovens para o bairro em que residem será fundamental para despertar a curiosidade do adulto e possibilitar uma revisitação aos conceitos e olhares construídos nas últimas décadas.
  Os pais que chegaram outrora irão assistir os filhos construir novos olhares para Cidade Tiradentes. Quem chegou em 1984 (os pais), certamente já observaram muitas mudanças. Sabemos das dificuldades que os habitantes do bairro ainda enfrentam. Mas é o que deu certo nessas últimas três décadas?  O que foi construído? E as mudanças na paisagem social do bairro?
  Esses questionamentos e outros povoaram as indagações de nossos jovens pesquisadores que estão empenhados nas pesquisas e entrevistas com moradores do bairro.
  Cidade Tiradentes parece estar assumindo uma dinâmica que tem o jovem como principal protagonista. Em geral possuem mais vínculo com o distrito  do que seus pais, pois este é o local onde a maioria deles passou quase toda sua vida e que ainda passa grande parte de seu tempo  cotidiano  e de seu tempo de lazer. Os pais, por sua vez , já estabeleceram suas vidas centradas no trajeto Cidade Tiradentes, em função de seu local de trabalho, e que acaba por lhes consumir a maior parte do tempo”1
1- Dissertação apresentada ao programa de mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo como requisito para obtenção de título de mestre. Ser jovem na Cidade Tiradentes: um estudo exploratório. Silvia Eri Hirao. São Paulo - 2008.


       A rua e a Escola.
  Todos os educandos envolvidos no projeto do TCA participaram do debate que apresentou o seguinte questionamento: Como utilizo o espaço da escola e da rua. O objetivo final do debate foi uma tentativa de construir um possível olhar protagonista dos jovens.
  Através  dos textos de produção autoral produzidos após o debate,  os educandos visitaram a sala de leitura e com a participação da professora orientadora tiveram oportunidade de revisitarem suas produções e redigir o texto final.
“A rua e a escola, tem de certa forma a função de introduzir a vida social. São nesses locais que normalmente conhecemos as pessoas que interagimos, são nesses locais que temos o primeiro contato com certas experiências que são necessárias ao crescer e ser jovem.A rua por um lado, pode ser um caminho para coisas ruins, nela se inicia o contato com as drogas, prostituição e crimes. Mas pode ser o local onde podemos nos expressar. A liberdade que ela nós trás, não apenas de receber, mas também de dar. Dar ao mundo seu próprio reflexo, o seu eu, as vezes quem você pode ser mostrado na rua. Já na escola, a maior parte de sua expressão é a intelectual. Mostrando o quão capaz você é de alcançar certo objetivo. Estudos podem ser prazerosos e revelar para você alguma preferência, pode também te levar a lugares que você nunca imaginou. Não só fisicamente.A rua e a escola devem ser aproveitadas da maneira certa, com responsabilidade. Afinal, uma tem liberdade excessiva a outra restrita. Uma tem uma liberdade passageira a outra libertadora”
  Larissa dos Santos Gaban             8º ano A.

“Nosso bairro é feito por casas. Escolas, entre outros, e ruas muitas ruas nas quais não saio. Não vejo muito interesse como antigamente quando eu era menor e fazia muitas brincadeiras como mãe da rua, esconde-esconde, pega-pega, entre outras. Além  do mais não dá mais para utilizar como antigamente, parece que elas ficaram mais perigosas tanto com os carros como com os bandidos. Por isso, hoje em dia fico na rua mais na volta da escola conversando com meus amigos, um tempo.Troquei brincadeiras por conversas. É o meu novo lazer... Já na escola apesar do simples e óbvio fato que viemos para estudar, também temos o nosso tempo de lazer. No qual sala de trinta e cinco pessoas dividem-se em oito dez ou mais para ficar  conversando, rindo e escutando música. É o que eu particularmente gosto de fazer. Também gosto de sentar junto com as minhas amigas, como uma troca de lugar para variar  um pouco... È assim que eu faço nós horários livres, afinal ninguém é robô e muito menos perfeito...
Leticia Soares 8ºB
“ Ser jovem na Cidade Tiradentes tem seu lado bom e seu lado ruim, seu lado bom é que no condomínio em que moro tenho bastante espaço para: jogar bola, empinar pipa e também o parque é do lado de minha casa, e tenho muitos amigos e também treino futebol em uma escolinha comunitária perto de minha casa (Associação de Esporte Beira Rio e gosto muito disso tudo (...) E na minha escola, não tenho o que reclamar, as vezes tem alguns problemas mas é normal, não tenho inimigos. E tenho uma boa convivência com eles, meus amigos. E particularmente amo ser um jovem da CT (Cidade Tiradentes)”
Matheus  Fonseca Silva  7º ano A.

Os multiplicadores.
Orientador, ATE e estudantes 8º e 9º anos




Construindo o perfil dos jovens envolvidos no TCA.

As entrevistas realizadas com 140 jovens estudantes irão pautar um texto no qual iremos construir um possível perfil dos estudantes da EMEF OLINDA MENEZES SERRA VIDAL .
           

Oficina – Maquete do bairro.
  Construções – passo a passo (por Edineice Maria de Moraes Pereira – formada em Artes Visuais).
  A construção de maquete tem por objetivo  fazer com que o educando compreenda o espaço tridimensional representando por eles, estabelecendo diferenças entre bidimensional do mapa e as três dimensões da maquete. As maquetes, neste contexto, apareceram como recurso de ensino para o professor , ao permitirem em sua construção o desenvolvimento da noção de proporcionalidade no ensino de Geografia, bem como noções de altura, profundidade, localização espacial (direito, esquerdo), frente, atrás, além do aprimoramento de habilidades psicomotoras. É  uma forma de registrar superfície terrestre de forma reduzida, como na escala do mapa.
   Ao observar a maquete (concreto) os alunos são estimulados a reconhecerem especificidades comuns ao conhecimento deles e desenvolverem suas habilidades cartográficas.
  Trazendo a abordagem da importância da arte na escola e da função que o atelier tem em promover pontes para o conhecimento, a arte educadora que promove de maneira lúcida um olhar diferenciado para Arte.

                                                                                                                                                      
  
                



Visita ao Arquivo do Estado de São Paulo: O conhecimento científico e o senso comum.

“Olhamos o mundo e parece que simplesmente vemos as coisas tal como elas são. Entretanto, ao olhar alguma coisa e nomeá-la, é preciso ter antes uma ideia do que ela seja; as pessoas têm alguma ideia do que é um carro, e, por isso, quando veem diferentes carros, podem dizer que viram um. O olhar humano sempre está repleto de prenoções sobre a realidade que nos ajudam a compreendê-la. E elas estão repletas de conhecimento do senso comum.

  O conhecimento do senso comum é uma forma válida de pensamento, mas não é a única possível. Há, por exemplo, o conhecimento científico. O conhecimento científico parte do senso comum. Para olhar a realidade, mas ele sempre precisa ir além do senso comum.
  Nosso olhar nunca é neutro, ele está sempre repleto dessas prenoções que vêm do senso comum. Para lançar um olhar sociológico sobre a realidade é necessário um método. Método é a forma pela qual um cientista observa e analisa seu objeto de estudo. Ou seja, é o modo como estuda a realidade. Os métodos variam de uma ciência para outra, dependendo do seu objeto de estudo, ou seja, daquilo que elas estudam.
  Toda construção cientifica é um lento processo de afastamento do senso comum. Não se pensa sociologicamente imerso no senso comum. O problema é que estamos imersos nele. Nossa maneira de pensar, de agir e de sentir está repleta desse tipo de conhecimento. Apesar de ser uma forma válida de conhecimento, não é ciência. A ciência se constrói a partir de um cuidado metodológico ao olhar a realidade que procura se afastar dos juízos de valor típicos do senso comum. E para construir um olhar sociológico sobre a realidade o primeiro recurso metodológico é o olhar de estranhamento”. 2 
2- Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo: Sociologia - 1ª série volume 1.
Arquivo do Estado de São Paulo.
     



A Cidade de São Paulo e o bairro que mais parece uma cidade.

Conhecer a formação histórica da cidade que abriga o maior complexo habitacional da América Latina, foi fundamental  para que os estudantes pudessem relacionar o processo histórico da formação do bairro que habitam.

Todos registraram através de imagens os pontos da cidade que mais lhes despertaram interesses relacionados a nossa pesquisa. Esse trabalho de campo sedimentou os estudos voltados para  as paisagens socialmente transformadas pelos sujeitos históricos ao longo do tempo.

 
Nosso espaço para os debates.
                       



Imagem e imaginário: da fazenda ao Bairro.
Todos os sujeitos históricos sofrem influências do meio social, os veículos midiáticos são meios  de comunicação que podem construir ou desconstruir uma imagem de um bairro, uma cidade, um país.
  O bairro da Cidade Tiradentes muitas vezes é correlacionado com o bairro da Cidade de Deus no Rio de Janeiro, devido a forma que foi estruturado para atender as necessidades habitacionais do Estado.
  A “CT” (Cidade Tiradentes) como é citada o bairro pelos jovens, carrega em sua formação histórica duas características que são comuns. A primeira e a realização de um sonho, a casa própria (sair do aluguel) e a segunda, essa mais traumática, atende as necessidades do Estado em resolver não apenas a construção de moradias populares, mas também  ter uma área que abrigue  as pessoas que são vitimadas por intempéries , pelo desenvolvimento urbano, como por exemplo, construção da avenida Água Espraiada. A maioria dessas pessoas demoraram ou não criaram uma identidade com o bairro e outras  foram embora e levaram a imagem do que viveram e viram no início da década de 80.
  A década de 80, foi o início da entrega dos primeiros  conjuntos habitacionais dos 15 quilômetros quadrados , hoje ocupados, na Cidade Tiradentes. O comércio era realizado de porta em porta, os meios de transportes eram precários, enfim, a infraestrutura não correspondia  a demanda habitacional.
  Se imaginarmos que em 1927, a Fazenda Santa Etelvina foi a área geográfica que hoje é o bairro da Cidade Tiradentes, podemos supor que muitas mudanças aconteceram e é nesse aspecto que se faz necessário lançar um novo olhar para o bairro que mais parece uma cidade.





                            Como era o comércio no início da formação do bairro.

                       Construção de casas residenciais (Barro Branco)


   


                       

       





Cidade Tiradentes.
  Os estudantes produziram textos poéticos no qual o bairro foi o tema central.
Você já parou                                             Mas isso é preconceito
E ficou a pensar                                         E nos deixa muito triste
Como era nosso bairro                              O que importa não é o dinheiro
Antes da gente chegar                                É o respeito que existe
Hoje em dia temos carro                            Por fim eu te falo
Prédios, casas, construção.                       Preste bastante atenção                              
Temos ruas e estradas                               A Tiradentes é mais que um bairro
Ainda temos condução                              Pois ela está no coração...
A Cidade Tiradentes
É um bairro muito nobre
As pessoas descriminam
Só porque é um pouco pobre
                                                                       Letícia Luzia Soares (8º ano A).

                                                                                      

                                                                                                                                                         
Ó Tiradentes, que mudará de repente
 Com seus Postos e Hospitais, prédios, residências.
Casas mudadas, ruas asfaltadas
 A Cidade que antes era vazia, hoje resplandece com seus altos e baixos
O que antes não tinha vida, hoje tem
O que era mato hoje é casa, o que era barro
Hoje são ruas.
Ó Tiradentes que muda como o dia e a noite
Tem seus problemas mas não deixa de ter emblema:
“Cidade Tiradentes, cidade dos onipotentes”.

                                                                      Karoline O. da Silva (8º ano B).
                                                                                                      



Apresentação do TCA para os estudantes do Ciclo Autoral.
7º, 8º e 9º ano.

                                                                     BIBLIOGRAFIA.
BOSSI, Eclea. Memória e sociedade: Lembranças de velhos. 3ª edição, São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
CERTEAU, Michel  de. Caminhadas pela Cidade. IN: A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1994.
CORROCHANO, Maria Carla. Elaboração participativa de projetos: um guia para jovens. São Paulo: Ação Educativa, Assessoria, Pesquisa e Informação, 2002.
HIRAO, Silvia Eri. Ser jovem na Cidade Tiradentes: um estudo exploratório. Dissertação apresentada ao programa de mestrado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo como requisito para obtenção de título de mestre. São Paulo - 2008.
PONCIANO, Levino. Mil Faces de São Paulo: Pequeno histórico e amoroso dos bairros de São Paulo. São Paulo:Editora Fênix, 1999.
ROLINK, Raquel. História Urbana: História na Cidade. IN: FERNANDES, Ana e GOMES, Marco Aurélio. Cidade e História:modernização das cidades nos séculos 19 e 20. Salvador:Faculdade de Arquitetura, 1992.
SILVA, Bartolomeu Targino da. Imagem e imaginário: Nas ruas e escolas da periferia. Monografia para obtenção do título de especialista em história pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004.
SOLLER, Maria Angélica & Matos, Maria Izilda S. O imaginário em debate. São Paulo: Olho d’água, 1998.
SPLITTER, Laurence J & SHARP, Ann Margaret. Uma nova educação: a comunidade de investigação na sala de aula. Tradução de Laura Pinto Rebessi. São Paulo: Nova Alexandria,2001.
 

Apresentação do TCA para comunidade interna e externa da EMEF OLINDA MENEZES SERRA VIDAL.